sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

CARNE feita com INSECTOS como solução alimentar

A Thought for Food atribui um prémio de 10 mil dólares ao melhor projeto entre os dez finalistas. (Foto: Thought for Food)

Como é que o mundo vai alimentar 9 mil milhões de bocas em 2050, tendo em conta o desperdício atual de comida, a distribuição desequilibrada mundial e, sobretudo, o impacto que a produção tem na segurança alimentar?
Tendo como base esta pergunta, juntam-se entre hoje e amanhã, 13 e 14 de fevereiro, na Thought for Food Global Summit  em Lisboa, dezenas de especialistas, investigadores, empreendedores e estudantes da área preocupados com a sustentabilidade alimentar.
“Estamos aqui para colocar as perguntas certas”, começa por dizer Christine Gould, cofundadora da rede Thought for Food. Nicholas Haan, da Singularity University, esclarece:  “É preciso pensarmos profundamente nos desafios da sociedade atual porque vivemos em dois mundos paralelos. Falar sobre segurança alimentar vai muito além daquilo que colocamos na boca. Tem sempre também a ver com o que o planeta pode produzir de forma sustentável”, explicava, na sessão de abertura da conferência, esta manhã.
Criada em 2011 como plataforma de encontro e troca de ideias e conhecimento entre investigadores e estudantes, a Thought for Food foi crescendo à escala mundial e é, hoje, uma rede global de pessoas preocupadas com a maneira como as novas gerações vão encontrar o mundo e viver nele. Além de palestras em conferências, os eventos contam com uma apresentação em estilo pitch de dez projetos finalistas (escolhidos entre 336 equipas de 51 países diferentes) – o TFF Challenge  - desenvolvidos por estudantes universitários que tenham em conta os fundamentos da organização e a sustentabilidade alimentar. O vencedor recebe 10 mil dólares e os restantes, 500 dólares para desenvolverem os respetivos protótipos.
“Nota-se que há uma mudança de paradigma e que os empreendedores atuais estão mais preocupados com o impacto que a empresa terá no mundo e no futuro da humanidade”, sublinha Christine Gould, em entrevista ao Dinheiro Vivo.
Lee Cadesky é um desses empreendedores. Há seis meses, com o irmão e com mais dois sócios, o estudante de Ciências Alimentares começou a trabalhar no projeto da C-fu, uma startup que transforma insetos em carne. Sim, leu bem. Foi no próprio laboratório da Universidade de Cornell, em Nova Iorque, que os estudantes começaram a desenvolver receitas de bifes, foiegras e, mais recentemente, até de gelados de insetos. “A ideia surgiu quando estudei o processo de transformação do leite em queijo. Pensei que poderia desenvolver um processo semelhante de transformação de insectos em carne.”, explica Lee ao Dinheiro Vivo.
Mais de 200 pessoas já provaram a carne de insetos (bug meat) e as reações têm sido, segundo Lee, “surpreendentes de tão positivas”. Numa primeira fase, a empresa testou quatro tipos de insetos mas ainda só produziu carne com base num desses tipos. Por isso, como garante Lee, há um enorme potencial de crescimento e de experimentação.
E se hoje é dia de Lisboa provar a bug meat - a C-fu trouxe seis quilos de insetos para transformar em carne e dá provas em pleno Convento do Beato aos foodies mais aventureiros – amanhã é tempo de apresentar a ideia à audiência da conferência. O projeto está entre os 10 finalistas do TFF Challenge, a última ronda de pitch dos projetos mais inovadores apresentados na conferência. A apresentação e avaliação final está marcada para a tarde de sábado, no Convento do Beato e há ideias para todos os gostos. Hortas em topos de edifícios, cooperativas de distribuição de alimentos, sistemas de refrigeração inovadores e até um mecanismo de transformação de alimentos em pó com alta duração. Curioso? Conheça melhor os restantes nove projetos, aqui. (dinheirovivo.pt)

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